quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Vinte e 6


O primeiro e único numero que desde o dia em que nasci me pertenceu. Um número que me pertence mais do que meu próprio nome, por que antes mesmo de ser nomeada, já tinha uma data. Já era datada, já tinha validade. Já sabia quando tinha começado e era só estipular quando iria terminar.
Antes de ter um nome, a gente sempre é um número, uma porcentagem, uma tabela. Muitas vezes um erro. Antes de nascer somos uma chance, uma chance em 100, 1.000 de sobreviver até os três meses de gravidez. E se conseguimos, somos outro numero, sobre a porcentagem daqueles que podem nascer bem ou mal. Daqueles que são por parto natural ou cesárea, daqueles que vão conseguir falar, andar e ouvir, ou não. E depois que nascemos, continuamos sendo números, mas dessa vez, antes de sermos números, somos um nome.
Mas mesmo assim, meu numero me pertence mais do que meu nome. U poderia mudar meu nome, os nomes dos meus pais, meu gênero, mas não minha data de nascimento. Não posso mudar aquele dia em que nasci, e assim, ele é mais do que qualquer informação minha.
Vinte e seis de agosto de mil novecentos e noventa e três, depois de Cristo (por que fingimos todos sermos católicos). Vinte e seis talvez seja a idade em que a minha vida vá pra frente, em que as coisas façam sentido, talvez o ano em que me forme. Talvez 2026 seja o ano certo. Talvez sejam seus múltiplos ou sua metade. Ainda não sei. E é por isso que continuo usando vinte e seis como meu numero da sorte. Como minha identidade. Quase que, como meu ser.

Vinte e seis. 

Por Margareth Levy



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