Listas
Coisas que deixamos de cumprir
Árvores
Coisas que dão saudade do passado
Coisas que devem ser curtas
Coisas que se ignora com frequência
Gente que se exprime incorretamente
Coisas que são desdenhadas
Passáros
Coisas que a sombra desfavorece
Pontes
Províncias
Coisas elegantes
Coisas turbulentas
Coisas apavorantes
Gente que se crê sábia
Santuários Xintoístas
Colinas
Paradouros
Doenças
Ventos
Pessoas contentes consigo mesmas
Coisas que caem do céu
Contos da tradição oral ou escrita
Coisas que são graciosas
Coisas que constrangem
Coisas que aparentam pobreza
Coisas que fazem palpitar o coração
Coisas que perturbam
Coisas que esmaecem na pintura
Coisas distantes, ainda que próximas
Coisas próximas, ainda que distantes
Coisas em que não se pode confiar
Coisas que aborrecem
Coisas que provocam inveja
Bons temas de poesia
Coisas encantadoras
Coisas para se ver
Dos clássicos da literatura japonesa
Shônagon, Shei. O livro de travesseiro. Trad. Andrei dos Santos Cunha. PortoAlegre: Escritos, 2008.
Dos clássicos da literatura japonesa
Shônagon, Shei. O livro de travesseiro. Trad. Andrei dos Santos Cunha. PortoAlegre: Escritos, 2008.
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Texto de consulta
1
Ou a supressão o discurso?
Ou ainda diminui o mínimo?
O poema é o texto + o poeta?
O poema é o poeta - o texto?
Ou o poeta o contexto do texto?
O antetexto o antitexto
Ou as ruínas do texto?
O texto abole
Cria
Ou restaura?
O texto deriva do operador do texto
Ou da coletividade — texto?
O texto é manipulado
Pelo operador (ótico)
Pelo operador (cirurgião)
Ou pelo ótico-cirurgião?
Ou dador?
O texto é objeto concreto
Abstrato
Ou concretoabstrato?
Escreve
Ou foi escrito
Reescrito?
Pelo tipógrafo / o leitor / o crítico;
Pela roda do tempo?
Sofre o operador:
O tipógrafo trunca o texto.
Melhor mandar à oficina
O texto já truncado.
6
O real cria a palavra?
Mais difícil de aferrar:
Realidade ou alucinação?
Um conjunto de alucinações?
7
Ou todo texto é universal?
Que relação do texto
Com os dedos? Com os textos alheios?
9
Serei julgado pela palavra
Do dador da palavra / do sopro / da chama.
Com o olho de outrem.
Começa em mim
Nos lindes da
Minha palavra.
A página branca indicará o discurso
A página branca aumenta a coisa
O poema é o texto? O poeta?
O texto é o contexto do poeta
O texto visível é o texto total
2
O texto é dado
O texto quando escreve
O texto será reescrito
A palavra cria o real?
Ou será a realidade
Existe um texto regional / nacional
NÉ POUR DÉTERNELS
Sem o texto
PARCHEMINS
Não decifro o itinerário
(MALLARMÉ)
Toda palavra é adâmica
Nomeia o homem
Que nomeia a palavra
Querendo situar objetos
Construímos um elenco vertical
Enumeração caótica?
Antes definição.
Catalogar, próprio do homem.
8
Morrer: perder o texto
Perder a palavra/ o discurso
Morrer: perder o texto
Ser metido numa caixa
Com testo
Sem texto.
Juízo final do texto:
O texto-coisa me espia
Talvez me condene ao ergástulo.
O juízo final
Roma, 1965
In: MENDES, Murilo. Convergência, 1963/1966: 1 — convergência; 2 — sintaxe. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
In: MENDES, Murilo. Convergência, 1963/1966: 1 — convergência; 2 — sintaxe. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
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