Reflito
a respeito da linguagem. A linguagem é repleta de códigos. Só é
possível ter acesso ao significado se souber decodificar os códigos.
Quando não se sabe decodificar os códigos é como estar num vazio,
num buraco, num vácuo, onde não tem nada. E quando começamos a
entender os códigos, é como mágica. Entramos num mundo de
significados, onde tudo faz sentido.
Alguém
que não sabe se comunicar é um ninguém, um nada. É como se não
existisse e passasse a existir ao começar a falar. Quando uma
criança começa a falar, dizem: “Ah!
Agora virou gente!”.
Como se antes não fosse ninguém, fosse como um bicho.
Fico
com meus olhos e ouvidos atentos e todos sentidos abertos como uma
criança que acabou a chegar no mundo. Uma criança que está
atenta para entender os códigos desta linguagem nova. Ela entende.
Repete palavras. E de repente, com um passe de mágica, fala algo com
sentido e todos se impressionam.
Reflito
também sobre a língua materna. Não é por nada que ela se
chama língua mãe. É aquela língua que a gente se sente mais
seguro, mais confiante.
É a língua que dá colo. Nada melhor como a língua materna para
expressar nossos mais profundos
sentimentos e pensamentos.
Reflito
também sobre a linguagem além de palavras. Ás vezes, falamos a
mesma língua, usamos muitas palavras, falamos demais. E muitas vezes
não falamos nada. Estamos falando a mesma língua portuguesa, mas
entendemos significados diferentes. Um fala algo, outro entende outra
coisa. Portanto, é como se falassem línguas diferentes. Usam as
mesmas palavras, mas não falam a mesma coisa. Não decodificam os
mesmos códigos.
E
a linguagem além de palavras nem precisa de palavras. É universal.
Mas é raro compreendê-la. Pois só se compreende bem com o
coração.
Para
aprender uma língua nova é preciso ter muita humildade. Reconhecer
que não sabe nada e que tem tudo a aprender. A humildade e
coragem de arriscar, errar, ser corrigido, repetir e arriscar
novamente. Se não tiver esta qualidade, não é possível
aprender uma língua nova.
E
é preciso estar aberto para entender aquilo que deve ser entendido.
E não se lamentar por não entender tudo. A gente sempre entende
aquilo que deve ser entendido naquele momento. Não há problema em
não entender.
Tudo
com o seu tempo. Nada a atingir. Um passo depois do outro. Não
importa chegarmos lá, importa o caminho.
Guadalupe
Rausch
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