quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Linguagem


Reflito a respeito da linguagem. A linguagem é repleta de códigos. Só é possível ter acesso ao significado se souber decodificar os códigos. Quando não se sabe decodificar os códigos é como estar num vazio, num buraco, num vácuo, onde não tem nada. E quando começamos a entender os códigos, é como mágica. Entramos num mundo de significados, onde tudo faz sentido.
Alguém que não sabe se comunicar é um ninguém, um nada. É como se não existisse e passasse a existir ao começar a falar. Quando uma criança começa a falar, dizem: “Ah! Agora virou gente!”. Como se antes não fosse ninguém, fosse como um bicho.
Fico com meus olhos e ouvidos atentos e todos sentidos abertos como uma criança que acabou a chegar no mundo.  Uma criança que está atenta para entender os códigos desta linguagem nova. Ela entende. Repete palavras. E de repente, com um passe de mágica, fala algo com sentido e todos se impressionam.
Reflito também sobre a língua materna.  Não é por nada que ela se chama língua mãe. É aquela língua que a gente se sente mais seguro, mais confiante. É a língua que dá colo. Nada melhor como a língua materna para expressar nossos mais profundos sentimentos e pensamentos.
Reflito também sobre a linguagem além de palavras. Ás vezes, falamos a mesma língua, usamos muitas palavras, falamos demais. E muitas vezes não falamos nada. Estamos falando a mesma língua portuguesa, mas entendemos significados diferentes. Um fala algo, outro entende outra coisa. Portanto, é como se falassem línguas diferentes. Usam as mesmas palavras, mas não falam a mesma coisa. Não decodificam os mesmos códigos.
E a linguagem além de palavras nem precisa de palavras. É universal. Mas é raro compreendê-la. Pois só se compreende bem com o coração. 
Para aprender uma língua nova é preciso ter muita humildade. Reconhecer que não sabe nada e que tem tudo a aprender.  A humildade e coragem de arriscar, errar, ser corrigido, repetir e arriscar novamente.  Se não tiver esta qualidade, não é possível aprender uma língua nova.
E é preciso estar aberto para entender aquilo que deve ser entendido. E não se lamentar por não entender tudo. A gente sempre entende aquilo que deve ser entendido naquele momento. Não há problema em não entender. 
Tudo com o seu tempo. Nada a atingir. Um passo depois do outro. Não importa chegarmos lá, importa o caminho.



Guadalupe Rausch

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